terça-feira, 27 de maio de 2008

Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo

Sempre mais em nossas celebrações vão acontecendo acolhidas fraternas carinhosas e marcadas pela alegria. Pessoas na Entrada da Igreja acolhem bem os irmãos e irmãs e os saúdam com simpatia e prazer, dando atenção especial às crianças, os idosos e as pessoas com deficiência. Entregam folhetos de cantos e outros objetos que serão utilizados na celebração. na maioria das vezes é uma equipe de acolhida em nome da comunidade que assume esse serviço, inspirado na atitude da mâe de Jesus, como nas Bodas de Caná não permitindo que nada falte para que a oração transcorra num clima tranquilo e participativo.
É Deus mesmo que nos reúne e acolhe em seu amor, pelo olhar, pela saudação e pela acolhida da equipe. Através deles ou delas Deus quer manifestar a sua ternura, o seu carinho e a sua alegria de Pai que acolhe seus filhos e suas filhas. Nós somos o povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espirito Santo. Em cada rosto e olhar é Cristo que nos acolhe. Em cada abraço e aperto de mão somos recebidos pelo Senhor. As pessoas, pouco a pouco, vão chegando para a celebração e a presença e a ação do Espirito Santo vão juntando os corações e criando laços que nos atrelaçam com Ele, com os irmãos e com o Pai. Por isso, em cada celebração dizemos: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
A acolhida é o começo da celebração e deve ajudar a criar o clima de oração. Deve motivar a abertura do coração para o encontro com Deus. A acolhida reúne as pessoas no carinho de Deus e cria na força do Espirito Santo a assembléia liturgica, e ajudam a vivenciar o que está escrito na carta aos Efesios: "Vivendo segundo a verdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relação a Cristo, que é a cabeça, é dele que o corpo todo recebe coesão e harmonia, mediante toda sorte de articulações e, assim, realiza o seu crescimento, construindo-se no amor, graça à atuação devida a cada membro" (Efesio 4, 15-16).

Discípulos e Discípulas de Jesus

A Celebração do Domingo, dia do Senhor, situa-se nesta dupla perspectiva: celebrar a Eucaristia na intimidade do Ressuscitado e ser por ele, de novo, enviados em missão. Somos discípulos e Discípulas de Jesus, chamados para permanecer com ele e, de novo sermos enviados como missionários do Reino, na realidade do nosso dia a dia, na dinâmica social da convivência humana, em todos os níveis, em todos os ambientes, em comunhão com todas as pessoas de boa vontade, de qualquer religião ou cultura.
Como redescobrir este eixo fundamental da celebração dominical? como romper o formalismo que como um muro de cimento armado impede que o encontro e a comunhão com Cristo, e entre nós aconteçam e renovem a nossa visão do mundo, nosso ânimo, nossa vontade de atuar na sociedade como testemunhas da ressurreição, como militantes da libertação, obreiros do diálogo, da paz, da misericórdia e da reconciliação? Como fazer para que a celebração de domingo volte para a realidade da vida pessoal e social?
É preciso celebrar em comunidade, com grupos menores, onde as pessoas tenham um mínimo grau de convivência, de relacionamento na fé e possam, também durante a celebração, diálogar, trocar idéias, emitir sua opinião, expressar sua maneira de ver a realidade, sua maneira de compreender a Palavra de Deus. São momentos preciosos os da recordação da vida, da homilia dialogada para nos debruçar sobre a realidade do mundo e encontrar uma luz na Palavra meditada, das preces de verdade e não das intençoes formalmente lidas de um folheto, da reunião familiar ao redor da mesa do Senhor para a ação de graças, a partilha do pão e da comunhão.
Jesus celebrou a última ceia em vista o Reino de Deus. Foi enviado pelo Pai como missionário do Reino. Toda a sua vida esteve em função disso; foi perseguido, condenado a morte de cruz por causa disso; enviou os discípulos e discípulas em missão para continuar anunciando com palavras e com trabalhos, com ação, com gestos concretos. O Reino de Deus chegou até nós! Por isso não há como celebrar a Eucaristia e o dia do Senhor, a não ser na perspectiva do Reino. Este programa de vida de Jesus é também nosso programa de vida.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A quem é confiado o depósito da fé?

É preciso compreender que o depósito e tesouro da fé, não podem ser deixados à livre interpretação pessoal. Daria confusão, e ninguém saberia onde está a verdade. Deus é Pai e amor. Ele sabe que o ser humano tem a facilidade imensa para manipular a verdade para o próprio uso e consumo, ou para fundamentar as próprias idéias. Por isso Deus, desde sempre, falou-nos através dos profetas e das pessoas escolhidas por Ele, para transmitir o que Ele, o Senhor quer que seja transmitido, mesmo em situações dificeis.
Na plenitude dos tempos nos enviou Jesus, sua Palavra viva e eterna. E Jesus deixou os apóstolos como seus sucessores, com a responsabilidade de ir anúnciar a verdade do Evangelho. A Igreja, recebendo esse tesouro das mãos dos apóstolos, conserva-o através dos tempos. Nós somos os destinatários do depósito da fé, acolhemos as verdades que nos são transmitidas por uma graça especial, através de uma virtude sobrenatural chamada fé. A fé não anula e nem diminui a razão. Não é cega, mas obediente, isto é, capaz de escutar e de acolher com amor, mesmo quando a inteligência não é capaz de compreender realmente os mistérios que nos são anunciados. O povo de Deus acolhe com alegria a verdade da fé e se esforça em vivê-la no seu dia a dia.
A comunhão entre povo e pastores é sempre fecundada pelo amor a Cristo e alimentada pela esperança na construção do Reino. Nunca podemos separar-nos desta comunhão que chega silenciosamente até nós, através dos séculos, sempre límpida, cristalina e sem mudanças substanciais. Cabe, portanto, à Igreja nos ajudar na compreensão da fé, na vivência da fé, e como no hoje da nossa história devemos viver o que cremos. O Espirito Santo é a força presente, a luz que ilumina a Igreja no seu Magistério, isto é, na sua tarefa e missão de ensinar. A Igreja é mestra, chamada a transmitir o que ela mesma recebeu das mãos de Jesus e dos Apóstolos.
Pela união da fé é que somos uma única Igreja, reunida não ao redor de pessoas ou estruturas, mas sim de Cristo. É o que proclamamos sempre que participamos da celebração da Eucaristia: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo. Nunca devemos esquecer-nos à Igreja está confiada esta missão: guardar, anunciar e velar para que nós, homens e mulheres fracos, nunca nos afastemos da única verdade que é Cristo.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica nn 84, 91, 94, 99

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Que relação existe entre a Tradição e a Sagrada Escritura?

A Tradição e a Sagrada Escritura não podem ser separada. Não é possível alguém querer viver o que diz a Tradição e outro o que diz a Escritura. É necessário contemplar essa duas realidades como a face do mesmo Deus que se comunica ao ser humano. Deus nos fala na Tradição e na Escritura. Isso é fundamental compreender bem para não criar confusão dentro de nós e nos outros. Elas se completam reciprocamente. Devemos estar sempre atentos e de coração aberto para poder compreender a mensagem de Deus que nos chega através de tantos meios. Mas nunca separar a voz de Deus da história que ao longo dos séculos foi formando-se.
As duas fontes, Tradição e Escrituras, tem a mesma nascente (Deus), onde a Igreja vai beber a água pura e procurar sempre sua fecundidade. A Igreja não pode manipular nem contaminar essas duas fontes para si mesma, deve conservá-las com a máxima fidelidade. Não há continuidade da presença do Senhor na história se nos afastamos da nascente viva que é Deus. Deus não nos fala diretamente como um dia Ele falava face a face com o Moises. Ele pronunciou uma única palavra, que é Cristo, e em Cristo nos diz tudo o que ele tinha a nos dizer. Mas cabe à Igreja a grande missão de explicitar os mistérios escondidos na Tradição e na Escritura. Essas verdades foram retidas por todos os séculos e têm como alicerce não a inteligência humana nem a reflexão teológica, mas sim a continuidade do pensamento de Jesus e dos Apóstolos.
A Tradição e a Escritura são um único depósito, tesouro, nascente da nossa fé. A fé não se baseia sobre o ouvir dizer ou me disseram, mas sim sobre verdades que podem e devem ser comprovadas não só com a intelegência, mas com a graça de Deus. A Igreja, portanto, em tudo o que diz, vai servir-se da Tradição e da Escritura. Preste atenção: você não vê como todos os documentos da Igreja são sempre fundamentados com citações da Bíblia e da Tradição, e todos são escritos por quem vive na Igreja Bispos Papas?. Tudo isso é que nos dá certeza de que estamos no caminho certo. Não há ruptura entre o nosso hoje e o nosso ontem. Podemos, portanto, pisar firmes para construir nosso amanhã.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica números de 80 a 97

quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

A alegria de ser discípulos e missionários de Jesus

Neste encontro com Cristo, queremos expressar a alegria de sermos discípulos do Senhor e de termos sido enviado com o tesouro do Evangelho. Ser Cristão não é uma carga , mas um dom: Deus Pai nos abençoou em Jesus Cristo seu Filho, salvador do mundo.

Desejamos que a alegria que recebemos no encontro com Jesus Cristo, a quem reconhecemos como filho de Deus encanardo e redentor, chegue a todos os homens e mulheres feridos pelas adversidades; desejamos que a alegria da boa nova do reino de Deus, de Jesus Cristo vencedor do pecado e da morte, chegue a todos quantos jazem à beira do caminho, pedindo esmola e compaixão (cf Lc 10, 29-37; 18, 25-43). A alegria do discípulo é antídoto frente a um mundo atemorizado pelo futuro e oprimido pela violência e pelo ódio. A alegria do discípulo não é um sentimento de bem estar egoísta, mas uma certeza que brota da fé, que serena o coração e capacita para anunciar a boa nova do amor de Deus. Conhecer a Jesus é o melhor presente que qualquer pessoa pode receber; tê-lo encontrado foi o melhor que ocorreu em nossas vidas, e fazê-lo conhecido com nossa palavra e obras é nossa alegria.
A história da humanidade, história que Deus nunca abandona, transcorre sob olhar compassivo. Deus amou tanto nosso mundo que nos deu o seu filho. Ele anuncia a boa nova do Reino aos pobres e aos pecadores. Por isso, nós, como discípulos e meissionários de Jesus, queremos e devemos proclamar o Evangelho, que é o próprio Cristo. Anunciamos a nossos povos que Deus nos ama, que sua existência não é ameaça para o homem, que Ele está perto com seu poder salvador e libertador de seu Reino, que Ele nos acompanha na tribulação, que alenta incessantamente nossa esperança em meio a todas as provas. Os Cristãos somos portadores de boa nova para a humanidade, não profetas de desventuras.
A Igreja deve cumprir sua missão seguindo os passos de Jesus e adotando suas atitudes (cf. Mt 9, 35-36). Ele, sendo o Senhor, se fez servidor e obediente até a morte de cruz (cf. Fl 2,8); sendo rico, escolheu ser pobre por nós (cf.2Cor 8,9), ensinando o caminho da nossa vocação de discípulos e missionários. no Evanhelho aprendemos a sublime lição de ser pobre seguindo a Jesus pobre 9cf. Lc 6, 20; 9, 58), e a de anunciar o Evangelho da paz sem bolsa ou alforje, sem colocar nossa confiança no dinheiro nem no poder deste mundo (cf. Lc 10, 4). Na generosidade dos missionários se manifesta a generosidade de Deus, na gratuidade dos apostólos aparece a gratuidade do Evangelho.
No rosto de Jesus Cristo, morto e ressuscitado, maltratado por nossos pecados e glorificado pelo Pai, nesse rosto doente e glorioso, com olhar da fé podemos ver o rosto humilhado de tantos homens e mulheres de nossos povos e, ao mesmo tempo, sua vocação à liberdade dos filhos de Deus, à plena realização de sua dignidade pessoal e à fraternidade entre todos. A Igreja está a serviço de todos os seres humanos, filhos e filhas de Deus.
Fonte:
Documento de Aparecida V Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe
Valdelir Rey Monte
Membro do Centro Diocesano de Formação Teológica

Como se realiza a Tradição Apostólica

A Palavra "Tradição" é uma das mais bonitas e usadas na linguagem teológica da Igreja. não tem a conotação, que às vezes nós lhe damos, de algo superado, antigo e que não serve mais, nem de saudosismo inutil com o passado. A Igreja não tem saudade do passado, ela vê o passado, o presente e o futuro como uma grande ponte. Não se pode construir o hoje sem firmar os pés sobre o passado nem lançar o passo para frente ser ter o pé firme no nosso hoje. Olhe as pontes: elas correm na harmonia para o futuro porque estão bem alicerçadas sobre um ponto anterior.
A palavra tradição tem un sentido muito importante e que devemos compreender: é a transmissão da verdade ou de um fato importante acontecido no passado e que não se pode perder. É a nossa memória viva que guardamos no mais íntimo do nosso coração e que nos faz sentir felizes, porque não estamos caminhando sem fundamento. A transmissão viva da Palavra de Deus através da vivência das pessoas, das palavras, dos testemunhos. A Bíblia, antes de escrita e codificada, foi anunciada e vivida por tantas pessoas. Só mais tarde foi escrita e tomou um corpo bem definido como livro.
Todos temos experiência do que os outros mais velhos no contam de nossa família, de nossa cidade, do povo. A transmissão viva e oral é sempre cheia também de algum fato que não é tão importante e que mais tarde vai desaparecendo. A tradição apostólica se transmite com a Sagrada Escritura, que é anúncio da salvação "Escrito". Veja como é maravilhoso ter o amor pela Bíblia. Hoje todos nós podemos ter uma "Bíblia pessoal" conforme decreto no Concilio Vaticano II "Dei Verbum" o Verbo de Deus, e que devemos amar e cuidar como um sacrário. Nela encontramos a mensagem de Deus, que não perde sua beleza. Quando queremos saber o que Deus quer de nós, devemos consultar as duas paginas da tradição: A tradição oral e a tradição escrita.
Se não houvesse a tradição, nós não teríamos como saber o que aconteceu nem atualizá-lo no nosso hoje. Nada, portanto, de saudosismo do passado, mas sim de busca sincera das raízes da grande árvore que é a presença de Deus na história de hoje. E nós, com a nossa vivência, ja estamos construindo o amanhã.
Fonte: CIC números de 75 a 79
Valdelir Rey Monte
Membro do Centro Diocesano de Formação Teológica