quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Concílio Vaticano II

Uma nova luz brilhou no horizonte eclesiológico dos anos sesenta, com o Concílio Vaticano II. Este Concílio ressuscitou dentro da Igreja certos valores cristãos, um tanto empoeirados pela sua inadequada aplicação aos seus membros, incorporados pelo batismo ao sacerdócio comum de Cristo. Nesta panorâmica, a dignidade dos fieis cristãos foi recuperada, sobretudo dos fieis leigos, uma nova mentalidade de Igreja, concebida como Povo de Deus. A partir deste momento, todos formam a inteira família deste Povo, edificando conjuntamente a Igreja de Cristo, cada um dentro do seu estado próprio de pessoas ao tríplice múnus de Cristo, ou seja, ao múnus sacerdotal, profético e régio de Cristo.
Os cânones 204 a 207 do Código de Direito Canônico, sintetizam os pontos centrais da eclesiologia do Vaticano Ii sobre o Povo de Deus, sobretudo da Constituição Lumen Getium, número 32. Esses Canônes enfocam a temática dos fieis Leigos, religiosos e clérigos, situados sobre a base de igualdade radical das pessoas diante da lei da Igreja e sua distinta configuração no que tange aos seus direitos e deveres. Nesta eclesiologia, a base radical dos fieis cristãos, incorporados na Igreja pelo batismo, favorece, a priori, a base comum de qualquer distinção em estados ou classes de pessoas dentro do Povo de Deus. Assim, essa eclesiologia proporciona uma relação primária entre todos os cristãos, que formam uma Sociedade em caminho, rumo a restauração do Reino de Deus. Todos são concidadãos nesta sociedade enquanto fieis cristãos, cuja condição de igualdade fundamental formenta a formação da sua dignidade e liberdade de filhos de Deus. O vínculo visível desta sociedade acontece graças a cabeça que serve ao inteiro corpo, a hierarquia. Os seus pastores organizam e dinamizam toda ação dos fieis cristãos que, unidos a hierarquia, realizam o Reino de Deus.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

A importância do nosso batismo

Jesus foi levado ao templo por Maria e José. lá o apresentaram juntamente com a oferta dos pobres, dos humildes: dois pombinhos! Viram a alegria de Simeão, que sempre esperou a salvação de Israel, e também sua dura profecia: "Uma espada de dor vai lhe atravessar a alma". Maria, porém, ficou em pé, tanto neste momento como no alto do calvário. Confiava. Sabaia que o caminho era difícil, mas tinha certeza de que a vitória da verdade seria incontestável. Quem tem fé não se apavora diante da dificuldade nem perde a esperança. Quem é fiel deposita no Senhor sua esperança. É momento o da apresentação de Jesus no templo, como também é nobre a atitude de Maria e José em acolherem o vontade de Deus. Missão não é escolher, mas sim acolher a verdade que vem de Deus! Quem muito escolhe, não se dispõe sinceramente para a missão. Procura sua vontade, não a de Deus.

Nós também fomos apresentados ao templo, e nele assumimos a mesma missão de Jesus. Ele deixou-se batizar por João Batista nas águas do rio jordão. Ele é servo manso, humilde e prudente apresentado pelo próprio Deus como modelo para se chegar à plinitude da vida. Veio com força do amor para instaurar a justiça, curar as enfermidades e iluminar todas as raças e nações. Pelo batismo também nós fomos ungidos para continuar sua missão libertadora no mundo, promovendo os valores que edificam e promovem a vida. Jesus de Nazaré, o promotor da paz e justiça. No dia do seu batismo, o Pai o apresenta como seu Filho amado: "Tu és meu Filho amado de quem eu me agrado". Nosso dever é escutar o que diz o Senho. Escutamos tantas coisas em nossa vida, e não escutamos devidamente o que é essencial e decisivo: A Palavra do Senhor, que liberta e Salva!

Antonio Mesquita Galvão no seu livro Kairós da Editora Vozes na pagina 57 destaca: "Quem não tem uma fé definida, deixa de acreditar em Deus como Ele é, e acaba acreditando em tudo. Quem acredita em tudo, logo passa a crer em coisa nehuma".

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Pentecostes

Jesus sempre se aproximou dos pequenos e dos humildes, dos simples e dos pecadores, sua mão acolhia a todos que o procuravam. Quantas docilidades em sua palavras num mundo agressivo em que vivemos. Este gesto de Jesus de estender a mão a uma criança o que nos diz? Certamente nos lembrará que a flor tem mais força que a arma, que o acolhimento convence mais que muitos argumentos, que o coração humano muda quando for carregado de pureza, de singeleza, de sinceridade e prontidão. O gesto de Jesus é a força transformadora do amor, conduzem-nos para além do horizonte. É convite para que façamos a mesma coisa. Não há como não notar pela compaixão de um Deus que se faz tão próximo da gente. Jesus ao concluir sua missão e retornar para junto do Pai, cumpre sua promessa, enviando o Espirito Santo sobre a comunidade dos discípulos. A ação do Espirito abre a consciência dos discípulos à compreensão do mistério de Deus, manifestado em Cristo. Sob essa inspiração, os discípulos, na liberdade são convidados a dar sua resposta de adesão a Cristo, continuando sua missão de anúncio do reino de Deus. No centro de tudo isso encontra-se a figura de Maria. Ela é a imagem da Igreja, pela ação do Espirito Santo, ela gerou Jesus na carne e o ofereceu como fonte de salvação. Pela ação do mesmo Espirito, a Igreja é chamada a cultivar em seu seio a presença do Cristo ressuscitado

terça-feira, 27 de maio de 2008

Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo

Sempre mais em nossas celebrações vão acontecendo acolhidas fraternas carinhosas e marcadas pela alegria. Pessoas na Entrada da Igreja acolhem bem os irmãos e irmãs e os saúdam com simpatia e prazer, dando atenção especial às crianças, os idosos e as pessoas com deficiência. Entregam folhetos de cantos e outros objetos que serão utilizados na celebração. na maioria das vezes é uma equipe de acolhida em nome da comunidade que assume esse serviço, inspirado na atitude da mâe de Jesus, como nas Bodas de Caná não permitindo que nada falte para que a oração transcorra num clima tranquilo e participativo.
É Deus mesmo que nos reúne e acolhe em seu amor, pelo olhar, pela saudação e pela acolhida da equipe. Através deles ou delas Deus quer manifestar a sua ternura, o seu carinho e a sua alegria de Pai que acolhe seus filhos e suas filhas. Nós somos o povo de Deus, corpo de Cristo e templo do Espirito Santo. Em cada rosto e olhar é Cristo que nos acolhe. Em cada abraço e aperto de mão somos recebidos pelo Senhor. As pessoas, pouco a pouco, vão chegando para a celebração e a presença e a ação do Espirito Santo vão juntando os corações e criando laços que nos atrelaçam com Ele, com os irmãos e com o Pai. Por isso, em cada celebração dizemos: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo.
A acolhida é o começo da celebração e deve ajudar a criar o clima de oração. Deve motivar a abertura do coração para o encontro com Deus. A acolhida reúne as pessoas no carinho de Deus e cria na força do Espirito Santo a assembléia liturgica, e ajudam a vivenciar o que está escrito na carta aos Efesios: "Vivendo segundo a verdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relação a Cristo, que é a cabeça, é dele que o corpo todo recebe coesão e harmonia, mediante toda sorte de articulações e, assim, realiza o seu crescimento, construindo-se no amor, graça à atuação devida a cada membro" (Efesio 4, 15-16).

Discípulos e Discípulas de Jesus

A Celebração do Domingo, dia do Senhor, situa-se nesta dupla perspectiva: celebrar a Eucaristia na intimidade do Ressuscitado e ser por ele, de novo, enviados em missão. Somos discípulos e Discípulas de Jesus, chamados para permanecer com ele e, de novo sermos enviados como missionários do Reino, na realidade do nosso dia a dia, na dinâmica social da convivência humana, em todos os níveis, em todos os ambientes, em comunhão com todas as pessoas de boa vontade, de qualquer religião ou cultura.
Como redescobrir este eixo fundamental da celebração dominical? como romper o formalismo que como um muro de cimento armado impede que o encontro e a comunhão com Cristo, e entre nós aconteçam e renovem a nossa visão do mundo, nosso ânimo, nossa vontade de atuar na sociedade como testemunhas da ressurreição, como militantes da libertação, obreiros do diálogo, da paz, da misericórdia e da reconciliação? Como fazer para que a celebração de domingo volte para a realidade da vida pessoal e social?
É preciso celebrar em comunidade, com grupos menores, onde as pessoas tenham um mínimo grau de convivência, de relacionamento na fé e possam, também durante a celebração, diálogar, trocar idéias, emitir sua opinião, expressar sua maneira de ver a realidade, sua maneira de compreender a Palavra de Deus. São momentos preciosos os da recordação da vida, da homilia dialogada para nos debruçar sobre a realidade do mundo e encontrar uma luz na Palavra meditada, das preces de verdade e não das intençoes formalmente lidas de um folheto, da reunião familiar ao redor da mesa do Senhor para a ação de graças, a partilha do pão e da comunhão.
Jesus celebrou a última ceia em vista o Reino de Deus. Foi enviado pelo Pai como missionário do Reino. Toda a sua vida esteve em função disso; foi perseguido, condenado a morte de cruz por causa disso; enviou os discípulos e discípulas em missão para continuar anunciando com palavras e com trabalhos, com ação, com gestos concretos. O Reino de Deus chegou até nós! Por isso não há como celebrar a Eucaristia e o dia do Senhor, a não ser na perspectiva do Reino. Este programa de vida de Jesus é também nosso programa de vida.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

A quem é confiado o depósito da fé?

É preciso compreender que o depósito e tesouro da fé, não podem ser deixados à livre interpretação pessoal. Daria confusão, e ninguém saberia onde está a verdade. Deus é Pai e amor. Ele sabe que o ser humano tem a facilidade imensa para manipular a verdade para o próprio uso e consumo, ou para fundamentar as próprias idéias. Por isso Deus, desde sempre, falou-nos através dos profetas e das pessoas escolhidas por Ele, para transmitir o que Ele, o Senhor quer que seja transmitido, mesmo em situações dificeis.
Na plenitude dos tempos nos enviou Jesus, sua Palavra viva e eterna. E Jesus deixou os apóstolos como seus sucessores, com a responsabilidade de ir anúnciar a verdade do Evangelho. A Igreja, recebendo esse tesouro das mãos dos apóstolos, conserva-o através dos tempos. Nós somos os destinatários do depósito da fé, acolhemos as verdades que nos são transmitidas por uma graça especial, através de uma virtude sobrenatural chamada fé. A fé não anula e nem diminui a razão. Não é cega, mas obediente, isto é, capaz de escutar e de acolher com amor, mesmo quando a inteligência não é capaz de compreender realmente os mistérios que nos são anunciados. O povo de Deus acolhe com alegria a verdade da fé e se esforça em vivê-la no seu dia a dia.
A comunhão entre povo e pastores é sempre fecundada pelo amor a Cristo e alimentada pela esperança na construção do Reino. Nunca podemos separar-nos desta comunhão que chega silenciosamente até nós, através dos séculos, sempre límpida, cristalina e sem mudanças substanciais. Cabe, portanto, à Igreja nos ajudar na compreensão da fé, na vivência da fé, e como no hoje da nossa história devemos viver o que cremos. O Espirito Santo é a força presente, a luz que ilumina a Igreja no seu Magistério, isto é, na sua tarefa e missão de ensinar. A Igreja é mestra, chamada a transmitir o que ela mesma recebeu das mãos de Jesus e dos Apóstolos.
Pela união da fé é que somos uma única Igreja, reunida não ao redor de pessoas ou estruturas, mas sim de Cristo. É o que proclamamos sempre que participamos da celebração da Eucaristia: Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo. Nunca devemos esquecer-nos à Igreja está confiada esta missão: guardar, anunciar e velar para que nós, homens e mulheres fracos, nunca nos afastemos da única verdade que é Cristo.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica nn 84, 91, 94, 99

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Que relação existe entre a Tradição e a Sagrada Escritura?

A Tradição e a Sagrada Escritura não podem ser separada. Não é possível alguém querer viver o que diz a Tradição e outro o que diz a Escritura. É necessário contemplar essa duas realidades como a face do mesmo Deus que se comunica ao ser humano. Deus nos fala na Tradição e na Escritura. Isso é fundamental compreender bem para não criar confusão dentro de nós e nos outros. Elas se completam reciprocamente. Devemos estar sempre atentos e de coração aberto para poder compreender a mensagem de Deus que nos chega através de tantos meios. Mas nunca separar a voz de Deus da história que ao longo dos séculos foi formando-se.
As duas fontes, Tradição e Escrituras, tem a mesma nascente (Deus), onde a Igreja vai beber a água pura e procurar sempre sua fecundidade. A Igreja não pode manipular nem contaminar essas duas fontes para si mesma, deve conservá-las com a máxima fidelidade. Não há continuidade da presença do Senhor na história se nos afastamos da nascente viva que é Deus. Deus não nos fala diretamente como um dia Ele falava face a face com o Moises. Ele pronunciou uma única palavra, que é Cristo, e em Cristo nos diz tudo o que ele tinha a nos dizer. Mas cabe à Igreja a grande missão de explicitar os mistérios escondidos na Tradição e na Escritura. Essas verdades foram retidas por todos os séculos e têm como alicerce não a inteligência humana nem a reflexão teológica, mas sim a continuidade do pensamento de Jesus e dos Apóstolos.
A Tradição e a Escritura são um único depósito, tesouro, nascente da nossa fé. A fé não se baseia sobre o ouvir dizer ou me disseram, mas sim sobre verdades que podem e devem ser comprovadas não só com a intelegência, mas com a graça de Deus. A Igreja, portanto, em tudo o que diz, vai servir-se da Tradição e da Escritura. Preste atenção: você não vê como todos os documentos da Igreja são sempre fundamentados com citações da Bíblia e da Tradição, e todos são escritos por quem vive na Igreja Bispos Papas?. Tudo isso é que nos dá certeza de que estamos no caminho certo. Não há ruptura entre o nosso hoje e o nosso ontem. Podemos, portanto, pisar firmes para construir nosso amanhã.
Fonte: Catecismo da Igreja Católica números de 80 a 97