quarta-feira, 11 de julho de 2007

Concílio Vaticano II (1962 a 1965)

"As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo. Não se encontra nada verdadeiramente humano que não lhes ressoe no coração. Portanto, a comunidade cristã se sente verdadeiramente solidária com o gênero humano e com sua história".
Assim começa a Constituição Pastoral Gaudium et Spes (GS), um dos 16 documentos formulados no Concílio Vaticano II. Depois de quatro séculos de uma Igreja constituída, basicamente, a partir de Trento, finalmente toma-se a decisão de iniciar um diálogo com o mundo moderno. fazendo jus as palavras do Papa João XXIII no inicio do seu pontificado que disse: "Precisamos abrir as portas e as janelas da Igreja, para que os ventos da modernidade possam asoprar a poeira que está assentada no Trono de São Pedro". Acabou a fase de demonização da modernidade. Agora, chegou a hora de colocar em dia (aggiornamento) a Igreja, como dizia João XXIII, e se adaptar à nova realidade, porém com muita simplicidade, como o mesmo João XXIII indicou no discurso de abertura do Concílio dia 11 de Outubro de 1962 quando disse: "Nos nossos dias, porém, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade: julga satisfazer melhor as necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrina que condenando erros. A Igreja Católica, levantando por meio deste Concílio o facho da verdade religiosa, deseja mostrar-se mãe amorosa de todos, benigna, paciente, cheia de misericórdia e bondade com os filhos dela separados".
Foi, e continua sendo, um momento de fundamental importância para a Igreja Católica, tanto no século XX, bem como, agora, no século XXI. Contudo, apesar da abertura, podemos afirmar que o Concílio ainda está em fase de implantação. Parece que, passados alguns anos, pode-se constatar certo sentimento de saudade daquela Igreja anterior ao Concílio Vaticano II. No entanto, não existe mais a volta. Ou a Igreja implanta de vez as aspirações que brotaram dele, ou permanecerá como uma palavra que não pode ser compreendida no mundo de hoje. É verdade que existem na Igreja dimensões imutáveis, mas isso não justifica a necessidade de adequação aos novos tempos. E antes de buscar um Vaticano III é preciso retomar com vigor os 16 documentos do Concílio do diálogo.
As quatros Constituição, os nove decretos e as três declarações, formam o Compêndio do Vaticano II. Foi, e é, muito importante, porque foi celebrado para despertar, para renovar, para modernizar, para intensificar, para diálogar a vida da Igreja. Quer dizer, para tornar maior não só a consciência da sua natureza e da sua missão, mas também para aumentar a sua energia, a sua capacidade de corresponder à própria vocação, à sua ânsia de santificação interna e de difusão externa, a sua aptidão de entrar em contato com os irmãos separados e de oferecer ao mundo contemporâneo a mensagem da salvação em Cristo Senhor.
Mesmo levando em consideração o contexto sob o qual estes documentos foram escritos a sua intuição fundante continua válida. Eles devem ser um ponto de partida progressivo, pois nos permitem, em consonância com a Tradição, buscar caminhos pelos quais homens e mulheres possam reconhecer o rosto amoroso e salvador do Cristo no meio da confusão e do barulho moderno.

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